terça-feira, 24 de agosto de 2010

O VÍCIO DA INTERNET


Matéria: Ronald Gripp *

¨ Nunca as pessoas, em todo o mundo, estiveram tão conectadas. Nomes como You Tube, Google, Wikipédia, Twitter e Facebook, fazem parte do dia a dia de gente no mundo inteiro ¨
                           Paulo Nogueira 
         
          A China, embora tenha sido o berço das grandes descobertas e invenções que revolucionaram o mundo, tais como: o papel e a imprensa no século IX; a pólvora no século XI ; a seda; o chá; o carrinho de mão; o estribo dos arreios; a bússola; a porcelana; os têxteis; a fundição do ferro, já com o uso do carvão e coque -  todavia não converteu esse grande potencial em realidade. Provavelmente, segundo os historiadores, isso ocorreu graças a Dinastia Ming (1368 - 1644), que isolou a nação ao proibir o comercio marítimo. Entretanto, na atualidade, mormente nesta última década, a China surpreendeu o mundo pela pujança de seu exuberante crescimento econômico e financeiro. E, é justamente de lá, dessa potência que espanta o mundo pela ambivalência de seu sistema político e sua disciplina empresarial, que veio a recente notícia da implantação da primeira clínica de recuperação de viciados na INTERNET.
A segunda notícia sobre a tal clínica, informou que os 14 jovens de 15 a 22 anos que ali estavam, amordaçaram o seu gerente ou instrutor, e se dirigiram imediatamente para a mais próxima lan  house que havia por perto...
Sinal dos tempos ? Provavelmente que sim, dado o inusitado de tão esdrúxula ocorrência . Entretanto, muito alem da curiosidade, o assunto merece maior atenção em face da monumental relevância e projeção que vem alcançando na evolução de todo o sistema de comunicação universal.
           De semelhante modo como aconteceu no passado mais distante com o rádio e o telefone, e , depois com a Televisão a cor, o computador, e ultimamente o celular, e agora, a mais recente profusão de marcas do mundo digital, para muitos, torna-se difícil entender, como foi possível viver tanto tempo sem a ajuda desses inúmeros instrumentos e recursos da comunicação.
Entretanto, apesar dessa impressionante revolução que assistimos no presente, não deixa de ser preocupante o elevado grau de dependência desses instrumentos na sociedade moderna. Depois de 15 anos que o mundo presenciou a chegada da INTERNET,essa novidade da história da humanidade, saiu rapidamente da timidez inicial, e deu lugar a um ritmo assombroso, que está fascinando e assimilando milhões de pessoas em todo o planeta.
Para muitos intelectuais que analisam os efeitos  (bons e ruins) da internet, o problema é cercado de conceitos controversos . Porem , a pergunta que mais pesa, é se a internet pode ou não se tornar um vicio.
Para o escritor americano Nicholas Carr, ligado a assuntos de tecnologia, cultura e negócios , ¨ A internet não apenas vicia como emburrece ¨. Para ele, a montanha de informações do Google impede maior reflexão em textos mais longos e profundos. Já, para o economista, professor e articulista do jornal The New York Times, Tyler Cowen, ¨ A questão não é informação de mais, é filtragem de menos ¨. E, segundo ele, ¨ A internet nos põe em contato com outras pessoas que compartilham os mesmos interesses, e o boca a boca se espalha de modo extremamente rápido ¨. Na realidade, a enorme velocidade das mudanças advindas do computador, dificulta a verdadeira aferição das circunstâncias que aparecem a cada instante. Além do mais, ainda não existe tecnicamente nada que possa indicar se uma pessoa está ou não viciada na internet. Para o cientista Vaughan Bell, do Departamento de Neurociência da King`s College de Londres, ¨ O conceito é em si despropositado ¨. Para ele, quem fica muito tempo ligado on line , pode estar recorrendo a uma fuga, e ter problemas como depressão ou estresse  -  o que pode gerar compulsão de toda natureza. No entanto, como para todos os males, sempre aparece uma saída, para esse ¨NOVO VICIO ¨ já existe uma verdadeira indústria pronta para tirar proveito dessa nova situação : são as clinicas, médicos e os fabricantes de remédios.
O professor universitário americano Ryan G. V. Cleave, publicou um livro com o título de Desconectado, em que relata sua obsessão pelo jogo world of Warcraf. Ele era um dos 11,5 milhões de assinantes distribuídos pelo mundo. Depois de dedicar 3 anos á vida alternativa, ele narra assim o seu profundo abismo :  ¨  Meus filhos me odeiam, minha mulher ameaça me deixar,meus amigos não se dão ao trabalho de me ligar, e meus pais estão tão bravos comigo que sumiram ¨. Depois de tentar o suicídio em uma ponte, ¨ abandonou o jogo e como ex-viciado, escreveu o livro.
Ao finalizar, é oportuno lembrar, que assim como a bebida não pode ser culpada pelo alcoolismo, nem o cigarro pelo fumante, o problema não é da INTERNET, e sim do seu uso. E, como dizia o filósofo Aristóteles, o que importa é o equilíbrio, e a virtude está no meio...
          * Ronald Gripp é empresário do ramo de turismo e presidente da Associação Comercial de Alto Caparaó, Companheiro Paul Harris - Rotary Club de Alto Caparaó/MG.

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